SER FLEXÍVEL PRA NÃO QUEBRAR

[Quadro "Aceitação", de Camila Morita]

Como é difícil aceitar: que a gente não muda as pessoas, que nossas boas intenções também vão pro inferno, que o mundo pela perspectiva do outro existe [ainda que nada seja de verdade], que ter opinião [ainda que se respeite a opinião do outro] seja sinônimo de conflito. Como foi difícil aceitar 2013, que me testou duramente, me fazendo escolher entre alguns valores e algumas pessoas: escolher o outro seria como ir contra meus valores e escolher a minha vontade me fez, de alguma forma, egoísta aos outros olhos.

Como é fácil transbordar felicidade nos pequenos prazeres e em 2013 os fiz ainda mais superlativos: dos jantares temáticos com os melhores amigos do mundo [como é bom ter em casa quem a gente gosta e sabe que gosta da gente] aos amores contingentes [uma espécie de Beauvoir e Algren sem a pretensão de sê-los]. Como foi fácil degustar as cervejas de notas florais, os cafés frutados, os shows do Otto, o show doBlack Sabbath, as diversas versões dos poemas de combate do Finho e nossas tardes nos cafés da Pinacoteca, as quase cinquenta madrugadas no terceiro andar do casarão, os afagos e resmungos do Kolber, o bem-querer da família da gente!

E escolher o quadro “Aceitação”, da artista plástica Camila Morita para morar na minha parede “de estar” tem a ver com tudo isso: é preciso ser flexível para não quebrar. É preciso que haja beleza na caminhada para que 2014 seja dono de tantos outros pequenos e grandes prazeres, que tenha o folk do Mumfords and Sons mais de perto [já que em 2013 foi a minha melhor repetição], que os projetos ganhem vida e leveza. Que haja mais gente cheia de bem-querer por perto, que ninguém morra por alguma estupidez, e que a vida, de uma vez por todas, aceite que estamos aqui para nos divertir bem mais do que qualquer outra coisa.