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Mostrando postagens de novembro, 2012

FINGIMENTO

É alguma hora da madrugada e ela lamenta por não ter cigarros. Na verdade ela lamenta por não fumar e por não se entorpecer naquela fumaça toda de ansiedade descontrolada. Na realidade, ela lamenta por ter sido tão comedida, por tê-lo feito acreditar que era madura, que era boa de entender as coisas que nem mesmo sabia. E ela não previu que em alguma hora da madrugada ela iria querer dar uma de louca e fazer algum escândalo de amplo espectro. Algo que fosse dos berros aos sussurros - em toda sensualidade que tinham quando estavam juntos.   Olhou para os lados em busca do cigarro, da vontade de fumar, da vontade de pisar duro, de fazer passar vergonha, de senti-lo novamente nela. Lamentou por toda delicadeza do entendimento. Queria mesmo era tormento. Do tipo tórrido.

NOSSA CANÇÃO

Ela ainda não sabia como iria dizer tudo aquilo. Testou vários formatos. Ensaiou cada improviso. Das formalidades todas, deixou no meio de algum caminho. Passou pelos clichês. [Quase todos]. Desistiu deles porque sabia que dizer tudo aquilo merecia muito mais.   Envolveu-se com o afeto que ele dizia transbordar, mas não saberia dizer dele além da dança que ainda parecia descompassada. Ainda não tinham dançado juntos nenhuma canção nossa. Depois de um tempo achou tudo aquilo um [des]propósito. Que poderia ser apenas um capricho de menina que colecionava sentimentalidades inventadas. Guardou o seu quase-discurso de intenções na pasta de exercícios literárias e esperou. Esperou o dia que esbarrariam em algum lugar comum. Esperou que o acaso tivesse seu dia de grandeza e fizesse algum destino. Gostava de Mário Quintana, e gostava de distorcer versões que não eram suas de fato.

POEMAS DE COMBATE

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[Finho, no Recital Poemas de Combate - Sesc São Caetano - 30.10.2012] O mesmo menino que na década de 80 fez a mais bela homenagem musical à São Paulo, hoje, ainda menino, declama seus poemas e letras, com o olhar de quem precisa dizer que o movimento punk rock cabe em mais de três acordes. E lá estava ele, sentado num banquinho "a la João Gilberto" [ele mesmo faz graça com isso] na companhia de um violão e gaita, contando a origem e inspiração de suas músicas e de sua poesia. Finho nos privilegia com histórias fantásticas e o show fica por conta delas, enquanto o violão e a gaita assumem o papel de parênteses entre um episódio e outro. Para sempre "vocalista" do 365 [e convenhamos que isso é para ter muito orgulho!], fazendo de São Paulo sempre um bom motivo, na banda MMDC desde 1995, Finho agora faz combates literários. E antes de qualquer prefácio e verso, o convite:  " Sempre achei, que a maneira mais legítima de passar algo para outra pessoa é a