FINGIMENTO
É alguma hora da madrugada e ela lamenta por não ter cigarros. Na verdade ela lamenta por não fumar e por não se entorpecer naquela fumaça toda de ansiedade descontrolada. Na realidade, ela lamenta por ter sido tão comedida, por tê-lo feito acreditar que era madura, que era boa de entender as coisas que nem mesmo sabia. E ela não previu que em alguma hora da madrugada ela iria querer dar uma de louca e fazer algum escândalo de amplo espectro. Algo que fosse dos berros aos sussurros - em toda sensualidade que tinham quando estavam juntos. Olhou para os lados em busca do cigarro, da vontade de fumar, da vontade de pisar duro, de fazer passar vergonha, de senti-lo novamente nela. Lamentou por toda delicadeza do entendimento. Queria mesmo era tormento. Do tipo tórrido.