DESPEDIDA
Eu queria escrever uma carta de despedida. Uma carta que tivesse todos os dias que rimos das nossas bobagens. Uma carta que contasse todas as vezes que fizemos comédias das tragédias impostas por gente que não merecia um sorriso seu. Uma carta que coubesse todas as suas saudades e lágrimas que viraram sorrisos depois de uma piada [ruim] minha. Eu queria mais um tempinho com você, mas sei que o seu tempo já era largo, tenso, comprido, embora saibamos que se quisesse, aqui estaria. Eu queria ter podido te defender com mais bravura, mas acho que de alguma forma, fui suficiente como amiga, neta e cúmplice. E mesmo indo embora sem nos preparar, tivemos tempo para dizer o que queríamos uma da outra. Você me deu suas lembranças para que eu pudesse guardá-las e compartilhá-lhas [apenas] com quem te queria bem. Eu te dei meu colo, minhas histórias e a minha presença em tardes com bolo e café, tardes que eu sei que eram importantes para você. Eu queria me despedir, mas não consegui. Nem lá, nem...