VONTADE
Era passado. Era quase adolescência. Mas deu-se coincidência estarem lá, no mesmo lugar, no mesmo sorriso nervoso, na mesma vontade em [in]fidelidade cúmplice dos seus corpos. Ela já tinha feito dele poesia mal acabada. Ele já tinha esquecido nela, toda falta de propósito. E tudo pertencia, no pretérito, à justa forma deles. Mas tempos depois ela esbarrou [já adulta] no verde dos olhos do menino que sempre foi problema. E ele tropeçou [já homem feito] nos passos lascivos da menina que sempre abusou de ser romântica. Eram outros. Eram quase desconhecidos. Mas ainda sustentavam a mania de grandeza de pertencer a eles, neles.