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Mostrando postagens de dezembro, 2015

O QUE QUER QUE SEJA

Que seja insuficiente, mas que seja. Na proporção de algum segundo. Na medida do possível. Em um instante que não seja qualquer. Que seja inteiro, ainda que acabe daqui a pouco. Que seja como aquela oração que a gente perde um pedaço entre vigília e sono, mas que não perde a fé. Que tenha gosto reconhecível mesmo que o paladar venha a falhar com o passar do tempo. Que seja além das entrelinhas, já que é de toda vontade. Que seja derramamento, euforia e corpo cansado. Exatamente nessa ordem. Equivocadamente nesse desfazer nada retilíneo entre coxas, pés e lençol disforme. Que até seja fraqueza, desde que não seja culposa. E o que quer que seja o nome que se dá a isso, que tenha desejo, satisfação e palavra miúda ao pé do ouvido. Uma putaria qualquer dessas que a gente faz romance.

NOTA DE RODAPÉ

Gosto de assistir seu olhar em quadro-retrato quando ele se prolonga em palavra. Mesmo quando é sentença e discórdia. Ainda que assuma uma alegoria qualquer. Até quando só quer fazer graça. Porque deixa de ser cinema mudo e estende-se a uma demora que me deixa fazer parte.