SE NÃO QUISER ME DAR, ME EMPRESTA?!
Ela preferia os retratos do que os breves ensaios literários. Ela tinha dessas coisas de olhar as paredes nas paralelas. De colorir seus vértices com cores sutis. De olhar os blocos de carnaval pela janela. De lembrar de coisas [des]importantes. De guardar o poema que não era seu. Ela ainda me olhava com os olhos de 15 anos. Mas outros 15 se passaram. E juntos, não tivemos filhos. Nem cachorro, nem sofás. Nem mesmo as paredes foram nossas de fato. Temos apenas alguns poucos retratos. E só. E o que nos resta?! Um começo. Alguns carnavais. Alguns dias. E mais outros tantos. E se não quiser me dar, me empresta?! [...] Ele apareceu dias desses, sem avisar. No meio de uma marchinha de carnaval. E nos fez [des]propósito. ["Se não quiser me dar, me empresta" é o nome de um bloco de carnaval de Ipanema, RJ]