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Mostrando postagens de setembro, 2007

LONG PLAYS

(pra ouvir: clique aqui )  Eu já quis ser Hector Babenco. Já brinquei de dublar cantoras cafonas para o meu pai dar a nota final. Eu dei uma volta à mais no quarteirão com os vidros da janela do carro baixados só porque a próxima faixa do cd era "Bette Davis Eyes" e canções como essa exigem vento na cara. Eu já quis ser a mocinha do filme. Eu chorei quando o Spit (personagem do Takeda) conta a morte da sua mãe. Eu já brinquei de bilboquê numa exposição do artista plástico Julio Villani e achei divertido e poético. Eu já liguei pra'quele garoto lindo só pra ouvir sua voz e desliguei (e que falta faz a ausência dos celulares e dos identificadores de chamada nessas horas!!!). Eu já tive uma pista de dança só pra mim ao som de "The Killing Moon". E já tive um dj só pra mim. O mais requisitado. O mais importante da noite. Eu já quis entender o Bentinho, do Machado de Assis. Eu já tive raiva da Macabéia, da Clarice. E adorei a Midori, do Murakami. Eu repito versos ...

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES

Flores para dizer que ama. Flores para despedidas. Flores para rimar com desamores. Rimas pobres. Rimas pálidas. Flores ditas. Flores para você que acredita em amor romãntico. Ramos afetivos. Flores ao Fábio, que foi embora há um ano. Rumos perdidos. Flores a você, que canta "Call me" sem saber por quê. Flores ao passos firmes de quem vive sem razão. Flores aos sorrisos eternos que sempre se vão. Flores em prosa. Flores em versos. Flores no final da folha de caderno. Flores em tempos de guerra fria. Flores em dias de picadeiro constitucional. Flores pra preencher aquilo que não posso dizer. Flores. Flores. Uma pausa pra não dizer que não falei de flores. Silêncios. Flores...

VELHA INFÂNCIA

Um dia você acorda, come sucrilhos com leite gelado, percorre perscursos repetidos, volta pra casa com a intenção de adiar o sono para estar ao lado do seu melhor amigo e recordar lembranças guardadas [carinhosamente] em caixinhas coloridas. Daí você adia mais algumas horas e descobre, quase que sem querer, que sentimentos que pareciam certos e maduros são tão frágeis quanto à tigela vermelha com sucrilhos. E neste instante, tudo que você precisa é de um sorriso, um abraço, um colo. Mas não é qualquer sorriso. Não é qualquer abraço. Não é qualquer colo [...] Você precisa da sua velha infância, escondida numa caixinha de rivotril.