A LITERATURA QUE TE CABE
Se puder, me faça um favor: não desperdice rima, ainda que seja do tipo pobre. Qualquer diálogo tem o direito de silêncio sofisticado. É sinal de respeito. É sinal de que queremos bem às palavras que nos faltam. A literatura que te cabe é confusa. É do tipo que distorce a métrica. É do tipo que provoca o realismo fantástico que há na ausência das suas explicações. Mas ainda assim é literatura, sabe. E só por ela que eu te peço, com a gentileza que não costumo praticar em dias de semana: por favor, não arrisque nenhum verso que caiba no meu. Todo poema tem o direito de ser livre. É sinal de respeito. É sinal de que queremos bem às palavras que nos faz excesso.