DESVAIRISMO*
Ela romanceava alguma história que envelhecia como todo mundo. E como quase tudo que envelhece, perde a força. Perde o brilho. Seus trilhos, foscos de ferrugem, descansam em alguma distância que talvez não seja tão importante. Ela tem alguma coisa que incomoda. Outras tantas que acolhe. Ela, que parecia poesia concreta, ainda abusa do romantismo que parece não mais lhe pertencer. Ela finge quase tão bem, que quase todo mundo acredita. E em cada quase, ela se [in]completa. Ela continua em passos compridos, rápidos, cansados. São quilômetros quadrados de [in]exatidão. Ela embriaga em cores e gostos, e fotografa enquanto [des]foca olhares. Ela romanceava alguma história que envelhecia em todo mundo. E como quase tudo que envelhece, acumula culpa. Abriga despedidas. Seus versos, exagerados e [des]medidos, podem qualquer coisa. Ela, que parecia poesia moderna, ainda abusa dos prefixos que descorrem entre uma escola e outra. E são os "quase" e os "ainda" que a faz parec