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Mostrando postagens de agosto, 2012

O TAMANHO [IDEAL] DO SILÊNCIO

Era preciso certo silêncio. Mínimo. Quase imperceptível. Exageradamente exato. Aquele tipo de silêncio que faz a gente perceber que gestos também falam, que sorrisos são gargalhadas sofisticadas e que a distância entre nossos silêncios é como ponto e vírgula. Ocupa pouco espaço e nos dá tempo de fazer sentido.   De nada adianta a nossa respiração [des]compassada em silêncio rarefeito. De nada adianta prolongar silêncio para nos fazer [des]conhecidos. Era preciso certo silêncio, e não qualquer silêncio.

UM ROTEIRO DE INTRIGAS PARA FELLINI FUMAR

Não, não sou o que você pensa. Tão menos o que você quer. Não faço parte do seu mundo, dos seus surtos, da imensidão de tempo vazio que te veste. Não quero conversar. Não quero olhar como Capitu. Não quero transformar em romance ou tragédia o que me parece comédia. Não sei se te contei, mas não gosto das comédias. Não gosto do que faz rir. Valorizo os sorrisos. E a diferença entre os dois não é sutil. Não, não sou sua história de amor, de dor, nem de nada. Não sou enredo, contexto, nem pretexto. Não sou desculpa. A minha maneira de dizer é esfarrapada, mas não é desculpa. E ainda assim você me culpa por aquilo que não somos, não temos e não conjugamos em primeira pessoa. Não tem plural aqui. É a minha versão e a sua. Separadas. Separadas o suficiente para que você não faça como Bentinho, que fez da sua versão de Capitu, a versão original.    E quer saber?!   A vida que você quer não cabe no perímetro depurado machadiano.   Se Bentinho fez de uma parte, o todo, é porque a obra