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Mostrando postagens de julho, 2025

47th

Brincar de “faz-de-conta” na versão adulta não é tão seguro como ser um cronópio de Cortázar. A gente perde a linha, arrisca abismos, irrita as famas [sempre tão metódicas], confunde, mesmo jurando uma certeza quase infantil, o que é real do que é fantasia. Daí no atropelo de uma vingança emocionada, a gente ama um amor que nem sabia que podia e tem de traçar um plano de fuga que nem existe, mas precisa [ser inventado]. Na minha versão de vizinhos de prateleira da minha estante de estar, a Socorro Acioli, quando disse que “todos nós somos a invenção de alguém” [no livro Oração para desaparecer] fez Cortázar sorrir como quem reconhece quem entendeu o jogo, fez dele instrução e ao invés de adjetivos megalomaníacos, usou cavalos-marinhos. Quando li, também sorri, mas foi um sorriso demorado, praticamente, paralisado, de quem ainda não sabe jogar o jogo, mas já tatuou ficção para que fosse, todo dia, realidade. Aliás, tenho me sentido num clube quase cativo de quem faz da escrita o que bem...