39th

Tenho um quase segredo. Um segredo que conto para quase todo mundo. Que desejo aos outros nos dias dos outros. Que me faz ano novo sem ser dia primeiro: a vida fica mais leve em temporadas e os dias eu conto em episódios. Ter vésperas e antevésperas especiais tornam o nosso melhor dia um quase feriado prolongado. E a obsessão por fazer trilha sonora em playlists com títulos enormes ou tomar como minha a de alguém que entenda de afeto [me] fazem ter um norte quando as coisas parecem confusas, ou então só garantem uns bons sorrisos que de “só” não têm nada.

Parece bobo, eu sei. E talvez até seja. Mas ainda assim é bom enxergar a vida como palco e plateia. É bom crescer e saber que coisa boa mesmo é dançar descalça em casa aquela música que você e meia dúzia de gente conhece. Que refrão bom é aquele que todo mundo canta da música que dá vergonha. Que crescer é ser responsável, mas sem perder a ternura, a piada, o riso e o abraço. Parece fácil, eu sei. E talvez até seja. Mas conheço pouca gente aos trinta e tantos que ainda ri de si mesmo, que dança em dias de semana, que não abre mão da delicadeza, que não culpa os outros pela sua incompletude.

Vou dizer: dias atrás ouvi uma das coisas mais lindas da vida sobre mim por alguém que eu nem sabia que entendia tanto de mim. E quero ouvir de novo. De novo. E de novo. Então que venha uma temporada de delicadezas, para não perder nada que não seja, de fato, importante.

Que a versão 39th da vida seja como uma prece, um samba novo, um sacundin no meio da tarde, um sacundém cheio de vontade! Salve Jorge! 

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