FOGOS E ARTIFÍCIOS

2016 me deu de presente alguns pedidos de anos passados: Começou com aquele folk-desejo do Mumford and Sons no Lollapalooza [e por mais que junto tenha tido o indie do Tame Impala, a delicadeza do Of Monsters and Men, a euforia do Eminem e a dançante Marina and The Diamonds, eu estava ali pelo banjo, bandolim e violão do Mumford, pela alegria que é pular feito criança em “I Will Wait” e pra fazer daquele show um concerto particular – sim, foi lindamente pessoal!]. Daí pra fazer valer um ano difícil [a gente vai lembrar de 2016 por tanta injustiça que às vezes dá impressão que não sairemos dele tão facilmente] veio Wilco e a sensação que tenho é que ali estávamos num reencontro de almas. Por onde se olhava se via abraços por todos os lados e sorrisos por todos os cantos. Talvez o Wilco tenha juntado um monte de gente que não se encontrava há tempos e fez isso da maneira mais bonita. “Impossible Germany” e seu solo majestoso estiveram para palco assim como “Jesus, etc” ficou por conta da plateia.No final das contas acho que solos de guitarra e coro a plenos pulmões foram uma maneira de agradecer por estarmos todos lá. E como trilha sonora de vida é coisa dos diabos, 2016 terminou com o tio Ozzy e a última turnê do BlackSabbath, com pilequinho, com chuva, com satisfação.

2016 também foi ano de golpes. 2016 nos fez despedir do Bowie e do Cohen. 2016 foi ano de amores. Alguns efêmeros demais. Outros que certamente se repetirão em 2017 porque o que é bom precisa continuar, voltar casas, preencher poros  – para a satisfação da pele e desespero da nossa falta de destreza em sentir. 2016 foi grosseiro. 2016 foi egoísta. 2016 me fez acumular milhas e estradas de bons e importantes trabalhos. 2016 repetiu as festas que amanheceram domingos no Casarão. 2016 desenhei na derme as flores do meu pai. 2016 foi o ano das laudas por sentimento cúbico – e quanta coisa bonita a gente pode fazer do que nem sempre carrega traços de delicadeza. 

E da [minha] lista nada modesta de vontades e lugares para 2017, quero voltar ao velho mundo, quero palco [pode ser karaokê sujo cantando Madonna sem culpa para o delírio dos amigos e aplausos duvidosos dos desconhecidos], quero ponte aérea para se fazer chegada, cantinho do sofá fazendo cafuné, áudio em pleno fim da tarde dizendo aos “berros” pra vir logo ao encontro não marcado, declamando as letras do Caetano, dançando no meio da sala de estar... 2017: seja de todos os prazeres e nos receba com amor, pois por aqui haverá fogos e artifícios.

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