O QUE QUER QUE SEJA
Que
seja insuficiente, mas que seja. Na proporção de algum segundo. Na medida do
possível. Em um instante que não seja qualquer. Que seja inteiro, ainda que
acabe daqui a pouco. Que seja como aquela oração que a gente perde um pedaço
entre vigília e sono, mas que não perde a fé. Que tenha gosto reconhecível
mesmo que o paladar venha a falhar com o passar do tempo. Que seja além das
entrelinhas, já que é de toda vontade. Que
seja derramamento, euforia e corpo cansado. Exatamente nessa ordem. Equivocadamente
nesse desfazer nada retilíneo entre coxas, pés e lençol disforme. Que até seja
fraqueza, desde que não seja culposa. E o que quer que seja o nome que se dá a
isso, que tenha desejo, satisfação e palavra miúda ao pé do ouvido. Uma putaria
qualquer dessas que a gente faz romance.
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