DESVAIRISMO*
Ela romanceava alguma história que envelhecia como todo mundo. E como quase tudo que envelhece, perde a força. Perde o brilho. Seus trilhos, foscos de ferrugem, descansam em alguma distância que talvez não seja tão importante. Ela tem alguma coisa que incomoda. Outras tantas que acolhe. Ela, que parecia poesia concreta, ainda abusa do romantismo que parece não mais lhe pertencer. Ela finge quase tão bem, que quase todo mundo acredita. E em cada quase, ela se [in]completa. Ela continua em passos compridos, rápidos, cansados. São quilômetros quadrados de [in]exatidão. Ela embriaga em cores e gostos, e fotografa enquanto [des]foca olhares.
Ela romanceava alguma história que envelhecia em todo mundo. E como quase tudo que envelhece, acumula culpa. Abriga despedidas. Seus versos, exagerados e [des]medidos, podem qualquer coisa. Ela, que parecia poesia moderna, ainda abusa dos prefixos que descorrem entre uma escola e outra. E são os "quase" e os "ainda" que a faz parecida com que era antes. Diferente do que foi um dia.
[* Desvairismo - estilo "fundado"por Mário de Andrade presente no prefácio de "Pauliceia Desvairada"]
O incômodo é um pé-no-saco. Diria até que incomoda. Nem podemos nos romancear, para afastá-lo. Para sermos alguém, de nós-aqui-mesmo. Não é Mário?, ops digo, Oswald. Po, Tati, foi vc que escreveu isso? [eu ainda me supreendo]Fica me confundindo com os desvairados, só pq tem o mesmo talento?
ResponderExcluirAchei muito interessante o jogo de palavras que usa até porque ``ela`` é algo que ultrapassa o tempo e tenta resistir mesmo que envelheça em todo mundo. Bom, foi mesmo uma experiência muito interessante ler seu texto. Ainda me faltam palavras para descrever com as recebi mas, de qualquer modo, você está de parabéns pela sensibilidade poética.
ResponderExcluirInteressante esse texto, realmente possui uma linguagem bem organizada e bela, porém confesso que não sei bem aprecia-la.
ResponderExcluirexcelente ..
ResponderExcluirMe vi nesse texto.Posso copia-ló?
ResponderExcluirCom o tempo as coisas vão ficando como névoas e sumindo gradualmente!
ResponderExcluirBelo texto!
www.anjoguerreirodeluz.blogspot.com
Muito bom Tati, texto inteligente. Mário de Andrade era um paulistano apaixonado pela sua cidade, pelos paulistanos. Ele sempre deixou esse sentimento muito evidente. Foi ele uma personalidade importantíssima para a revolução nas artes em São Paulo, na verdade no país. Beijos, amei!
ResponderExcluirmuito bom parabens
ResponderExcluir"em cada quase, ela se [in]completa"
ResponderExcluira cada 'quase', mais e mais tendemos a nos desviar de qualquer preenchimento emocional...
Abraço! ;)
http://anpulheta.blogspot.com
belo texto...muito bem escrito...
ResponderExcluirBem interessante o texto, confesso que não sou muito de apreciar textos desse gênero mais sei reconhecer um bom texto.
ResponderExcluirhttp://nadaaverpontocom.blogspot.com
Envelhecer perde a força e ganha sabedoria.
ResponderExcluirUm abraço e ótima sexta feira.
william
www.tocadowilliam.com
'E são os "quase" e os "ainda" que a faz parecida com que era antes.'
ResponderExcluirSimplesmente genial. Quase para mais e ainda para menos, sem eles seríamos ou um ou outro.
Abraço! ;)
http://anpulheta.blogspot.com
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