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Mostrando postagens de janeiro, 2016

UM POUCO DO QUE É TANTO

Ele era meio divertido. Meio fracassado. Meio bom demais para ser só verdade. Meio fingidor ao fingir que é amor o amor que certamente sente. Meio debochado sem perder a ternura. Também era meio bonito, com um jeito meio bobo de articular o que já era bom e mesmo assim insistir em alguma edição. Ele era uma versão meio Sgt. Pepper num solo prolongado de John. E gostava de repetir isso meio a um trago e outro, entre a excitação e o entorpecer.

TUDO PODE SER MAIS SIMPLES

É só dizer. Com calma para que eu entenda cada sílaba, mesmo que nenhuma seja de toda tônica. Com doçura para que não me falte o sorriso. Com licenças para que a minha vontade também tenha a sua permissão. Com tato para que prolongue o que já é excitação.

MEIO ASSIM

Eu tenho pressa. Uma pressa que me atrasa. Que me paralisa. Que me faz demorar em algum lugar que é continuação, mas ainda não é chegada. Que me faz adiar o que deveria ter sido, há algum tempo, partida. 

NUNCA ME ESQUEÇO DO QUE SINTO

Nunca me esqueço do que sinto. Mesmo quando deveria. Ainda que não precisasse ser lembrança. Nem quando é música, verso ou poesia-tentativa. Tão menos quando, sem querer, alguém me salva de mim mesma. 2015, na intimidade, me fez mais ébria com propriedade [uma vida com drinkability tem lá sua graça!], me permitiu aprender só por prazer, a harmonizar a vida além da palavra. 2015, na lente de aumento, foi um ano maldoso, intolerante, da liquidez nociva dos pequenos grandes bandos. Parece até que 2015 foi dirigido por Wes Anderson: tem lá seus filtros de cores que nos fazem fugir do nosso tempo com certa elegância, mas também só pode ser divertido se você não fizer parte dele – o que me faz achar que 2015 realmente tenha sido um bom entretenimento para quem foi apenas espectador, ainda que seja difícil de classificar entre a comédia de mau gosto e o drama de estranheza duvidosa. Ainda assim 2015 merece o meu “muito” obrigada: Pela dedicatória no livro "Inteligência das Coisas Ce