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Mostrando postagens de outubro, 2012

DESPEDIDA

Eu queria escrever uma carta de despedida. Uma carta que tivesse todos os dias que rimos das nossas bobagens. Uma carta que contasse todas as vezes que fizemos comédias das tragédias impostas por gente que não merecia um sorriso seu. Uma carta que coubesse todas as suas saudades e lágrimas que viraram sorrisos depois de uma piada [ruim] minha. Eu queria mais um tempinho com você, mas sei que o seu tempo já era largo, tenso, comprido, embora saibamos que se quisesse, aqui estaria. Eu queria ter podido te defender com mais bravura, mas acho que de alguma forma, fui suficiente como amiga, neta e cúmplice. E mesmo indo embora sem nos preparar, tivemos tempo para dizer o que queríamos uma da outra. Você me deu suas lembranças para que eu pudesse guardá-las e compartilhá-lhas [apenas] com quem te queria bem. Eu te dei meu colo, minhas histórias e a minha presença em tardes com bolo e café, tardes que eu sei que eram importantes para você. Eu queria me despedir, mas não consegui. Nem lá, nem

NÃO É MAL ENTENDIDO

Voltei a ter noites compridas e com doses doentias de café. Deixei de escrever alguma dúzia de parágrafos como se comprasse orações [in]subordinadas em liquidação. Voltei às minhas ironias. Aquelas que você não gosta porque não as entende. Aquelas que você acusa de mau humor. Aquelas que eu uso quando você insiste em se colocar no centro do mundo sem qualquer plano cartesiano. E antes que me acuse de mais alguma coisa que você desconheça quero que fique bem claro que você é incrível quando não é você. E eu nunca achei que um dia diria isso a alguém.

THIAGO PETHIT [06.10.2012 - SESC POMPEIA]

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[Thiago Pethit  - Sesc Pompeia - 06.10.2012]  Eu, que já coleciono alguns shows dele, sinto a necessidade de compartilhar [sempre] a delícia de vê-lo no palco: inteiro, sem compromisso com rigores e [des]medidamente compromissado com sua arte, Pethit é cada vez mais encantamento: Que voz! Que grandeza! Que delicadeza! A sofisticação que trás suas inspirações à música [e à interpretação dela] me faz achar que ele é do tipo poeta fingidor. Ele  fala de James Dean, Andy Warhol, Mutantes, Billie Holiday... mas ele é mesmo do tipo fingidor: "finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente..." E eu, que devo continuar colecionando Thiago Pethit cada vez mais de perto, sou toda aplausos.  Nota: E no show de lançamento do álbum "Estrela Decadente", no Sesc Pompeia, Pethit fez [mais] um dueto fantástico com Cida Moreyra. As faixas-homenagens “Speak Low”, “Bilbao Song” e “Surabaya Johnny” ficaram ainda mais intensas com os dois.

DO TIPO OUTUBRO

Ele parece ter pressa. Despreza pontuações. Ignora os espaços. Usa a palavra como alegoria dos seus traços. É do tipo que acumula tantas referências, que se faz inspiração. Chora como menino. Embriaga-se como poeta maldito. É do tipo personagem de si mesmo. Sagrado, é dono das missões todas de outubro. Profano, faz dele bruxaria. Enfeitiça com seu sorriso, e faz de outubro, um desses clássicos escondidos numa capa underground. Cabe em qualquer estante, mas é para poucos. Cabe em 31 dias, mas pode ser ano todo. É travessura e gostosura. É do tipo que poderia ser sempre bissexto.