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Mostrando postagens de junho, 2011

DIZEM POR AÍ QUE SE NÃO HÁ COMEÇO, NÃO PRECISA TER FIM

Ela premeditou cada parágrafo. Cada sentença não dita. Cada desculpa esfarrapada. Cada tentativa de começo. Cada delírio de despedida. Também ensaiou alguns discursos. Um quase-manifesto do amor que nunca foi usado. Uma quase-lista de razões disfarçadas de motivos. E tentou olhar nos olhos por mais tempo do que todos os antes, afinal, ele era do tipo intenso. Ele perceberia. Ele perguntaria. Ele olharia nos olhos por mais tempo do que todos os antes. [E ela não entende em que momento o futuro do pretérito tornou-se condição]

DOS FINS

Ela: optou pelos diálogos compridos e comprimidos pelas risadas, pelos exageros [des]cabidos de leveza, por aquele amor romântico que todos dizem que um dia acaba, pelas canções cafonas e todas as outras gentilezas. Preferiu a sedução que permitia seus trinta e poucos anos. O direito de não ter de se preocupar com as metáforas, com as ironias ou qualquer licença poética [elas aconteceriam, com ou sem ele]. Ele: optou pelo monólogo, repleto de "eus" esmagados por alguma fraqueza, pelos exageros [des]cabidos de sutileza, por aquele amor volátil que renova a cada boca sem nome, pelas canções que ela preferia, mas por ouví-las alto demais, achou que eram só suas. Preferiu a sedução que permitia seus trinta e poucos anos. O direito de não ter de se preocupar em dividir os dias, os silêncios, as orações subordinadas dela [elas aconteceriam, entendendo-as ou não]. Eles: Ela virou a literatura dele. Ele a observa em seus breves parágrafos mínimos enquanto ela vive com outro amor. E