Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2011

DESVAIRISMO*

Ela romanceava alguma história que envelhecia como todo mundo. E como quase tudo que envelhece, perde a força. Perde o brilho. Seus trilhos, foscos de ferrugem, descansam em alguma distância que talvez não seja tão importante. Ela tem alguma coisa que incomoda. Outras tantas que acolhe. Ela, que parecia poesia concreta, ainda abusa do romantismo que parece não mais lhe pertencer. Ela finge quase tão bem, que quase todo mundo acredita. E em cada quase, ela se [in]completa. Ela continua em passos compridos, rápidos, cansados. São quilômetros quadrados de [in]exatidão. Ela embriaga em cores e gostos, e  fotografa enquanto [des]foca olhares. Ela romanceava alguma história que envelhecia em todo mundo. E como quase tudo que envelhece, acumula culpa. Abriga despedidas. Seus versos, exagerados e [des]medidos, podem qualquer coisa. Ela, que parecia poesia moderna, ainda abusa dos prefixos que descorrem entre uma escola e outra. E são os "quase" e os "ainda" que a faz parec

TE ENSAIO

Te exponho como obra de arte. Cometo delitos gramaticais, pessoais e te faço sentimento. Te faço território ocupado. Te empresto linguagem precisa. Te faço descaso. Te exagero e erro. Te ocupo de olhos curiosos e de versões [des]cabidas de verdades. Te faço desculpas. As peço também. E te acomodo em algum [in]cômodo.

ABSURDEMOS A VIDA, DE LESTE A OESTE

Não precisa ser pouco, nem exagerado, mas não aceito nada que não seja o bastante. Não depois de praticar os breves planos de felicidade e os tornar grandes. Não depois de responder com coragem aquilo que a vida queria de mim [não  foi assim que Guimarães Rosa disse?!]. Não depois de dar chance à vida, dela ser melhor do que eu poderia ser com ela.  Um ano que cabe em alguns parágrafos, cabe também no tamanho de sentimento grande. E todo sentimento grande  é marcado por [re]encontros. E eu não sei como você, que me lê, entende isso, mas reencontros geralmente tendem a ser exagerados e piegas, e os meus foram [des]medidos e precisos pela grandeza.  E por tudo que me faz repleta de obrigadas [assim, no plural], não posso aceitar menos que o bastante para daqui por diante. Não depois de ter Ocean Rain na íntegra e bem de pertinho [sim, sim, Echo and The Bunnymen continua fazendo parte da trilha sonora da minha vida]. Não depois de voltar a ver delicadeza em Belle and Sebastian também de