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Mostrando postagens de setembro, 2008

POLISSEMIA

Experimento seus sabores em desordem semântica. Experimento suas histórias como minhas. E você aparece, assim, provocando os sentidos que já não são só meus. Experimento seus delitos inventados por mim. E você aparece, assim, tirando toda a minha atenção. Toda a minha tensão. Toda (e qualquer) chance de razão... Experimento texturas etéreas de você. E você esconde o que há de precário para que eu não perceba. Te experimento em pequenos gestos. Te experimento em pequenos textos. Te experimento em ensaios literários. [Nota: Polissemia é quando uma mesma palavra, aplicada num contexto, apresenta significados diferentes] The National - Start a War

LICENÇA POÉTICA

  Senza fine by Gina Paoli on Grooveshark Nos últimos cinco anos eu não fiz nenhum percurso que me levasse a você. Não como as pessoas costumam procurar a presença de quem já não está mais aqui. Não como te acompanhei quando ainda era criança, em busca da avó que não conheci. Às vezes penso que poderia ser igual a todo mundo: te levar flores. Mas você não gostava de flores, com exceção dos girassóis. Eu também poderia colocar seu nome na listinha de orações de domingo. Mas assim como você, não costumo ir à igreja. Nos últimos cinco anos o meu percurso poderia ter sido igual ao de todo mundo, mas eu te procurei apenas nos lugares que sabia que poderia estar. Reservei algumas horas para ouvir as músicas que você não deixava terminar e acabei descobrindo várias outras que você certamente iria gostar. Senza Fine é uma delas. Queria muito tê-la encontrado antes, só pra poder te mostrar. Também te encontrei em histórias repetidas, porém inéditas pra quem não te conheceu. Os últimos cinco a

PARA QUE VOCÊ SAIBA

As manhãs de domingo são as minhas prediletas. Elas quase nunca têm pressa. Elas me permitem dançar sozinha e descalça pela casa as músicas que tanto gosto. Tenho saudades de quase todas, mesmo sabendo que o pior dia da minha vida foi numa manhã de domingo. Mas eu insisto em fazer delas o meu não-silêncio predileto. Penso no dia em que você, aos poucos, vai se acostumar com essa minha pré-dislexia nas manhãs de domingo. Talvez você ainda nem saiba que precisa se acostumar. Aliás, preciso parar com essa mania de achar que você sabe das coisas que eu ainda não disse. E assim, delicadamente, preciso dizer que você vai me ler daqui algumas horas e vai saber que adoro as manhãs de domingo, assim como adoro sua risada, assim como adoro a maneira como 'parecemos modernos'. Te coleciono em pequenos fragmentos e você nem sabe disso. Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno

RELEITURA [em algum momento de 2006 ]

Antes de te conhecer eu já havia conjugado alguns amores. Quase todos intensos. Quase todos pra sempre. Depois de você amei com mais calma. Amei como quem não precisa ter pressa. Com você descobri que não preciso disperdiçar gentilezas. Antes de você eu não sabia o quanto era bom compartilhar silêncios e suspiros. Depois de você descobri que todo silêncio deve ser precedido de um sorriso e que cada suspiro tem de ser ritmado. Antes de você eu não me dava chances. Depois de você tive a certeza que não precisava de nada que era seu. Hoje eu li algumas coisas que já foram nossas e não me reconheci. E o que sobrou de você foram as músicas que não escuto mais e as fotografias que não revelei. Antes de você eu não ouvia Wilco e não escrevia brevidades. Com você também não. Depois de você as tais gentilezas passaram a ter mais cuidado. Gosto de mim assim. Wilco - Hummingbird